O banho de Izuku estava sendo mais demorado do que o normal.

Haviam muitas coisas em sua cabeça naquele dia, como as aulas, as provas, os treinos, os testes, sua mãe, o desgraçado de seu pai e bem... Havia também Katsuki, claro. Seu amigo de infância, junto com Todoroki-sama, por que se não fosse por ela jamais seriam aquele trio tão peculiar.

Era mais do que óbvio que ela era o ponto de equilíbrio entre eles, mas o sentimento que tinha por Katsuki, ou Kacchan, como o chamava desde crianças, não poderia ser mais abafado pelos raios de sol que sempre saíam de Ria (o que era bem estranho, considerando que ela era filha do deus das tempestades, não da deusa do sol). Suspirou pesadamente, as mãos sendo passadas nos cabelos macios enquanto enxaguava o shampoo que restava. Cheiro de morango, claro.

Sua mãe quem lhe deu.

Agradecia mentalmente por Kacchan não estar ali no momento, afinal tinha pensamentos nada puros sobre os dois, e se o loiro soubesse disso com certeza o mataria. Balançou a cabeça e então desligou o chuveiro, pegando sua toalha para se secar e, enfim, saindo do box. Katsuki disse que chegaria tarde naquela noite, então não se importou em levar a roupa para o banheiro, saindo apenas com a toalha enrolada na cintura definida.

Bem, Izuku sempre foi muito cuidadoso com sua aparência, embora não fosse extremamente vaidoso. Tinha sim seus músculos e afins devido aos treinos, embora não mais do que Kacchan. Balançou a cabeça, ele era seu amigo, não devia ter esses pensamentos! Respirou fundo pelo nariz e soltou pela boca, abrindo a porta do banheiro e levando um susto ao ver que, ao mesmo tempo, Katsuki adentrava o quarto.

— K-Kacchan! — ruborizou violentamente, escondendo-se de repente atrás da porta do banheiro. — Você disse que ia demorar... — continuou, baixinho, morrendo de vergonha.

instead of doing katchau, go do kabum

O treino, de fato, havia sido cansativo. Augustus havia se esforçado para ser, mais uma vez, um belíssimo pau no cu. Kacchan sentia que, todo e qualquer semideus que não fosse romano, era inferior. Não sabia se todos os romanos eram assim, mas, Augustus realmente sabia como encher o saco.

Os dedos de Bakugou estavam doloridos, puxar o cordel tantas vezes, mesmo que naquele pequeno universo projetado apenas para o treino, haviam deixado-o com uma belíssima carga de cansaço nas costas. Enquanto caminhava pelos corredores do instituto, indo na direção de seu dormitório, não podia deixar de pensar que, por pouco, ficara na média. Ele revirou os olhos e rangeu os dentes. Não podia ser um aluno mediano. Não queria.

Seus pensamentos pareceram abrir espaço para a calmaria quando chegou a porta do dormitório. O filho das chamas respirou profundamente até que abriu a porta, apenas para se deparar com Deku, parado igual um idiota no meio do quarto, olhando para ele, e, para piorar, usando apenas uma toalha ao redor da cintura.

Katsuki trincou o maxilar e bufou, irritado. Encarou o garoto nos olhos e levou as mãos aos cabelos, disfarçando o fato de ter ficado brevemente ruborizado.

— Puta que pariu, Deku! Seu idiota! — Revirou os olhos e bateu a porta do dormitório atrás de si. — Nem para tomar um banho descente, porra!

Bakugou jogou suas coisas em cima da cama e caminhou até o banheiro, tirando a própria camisa no meio do trajeto. Já se preparava para fechar a porta atrás de si quando percebeu que o lugar onde deixará sua toalha estava vazio. Ele fechou os olhos e bufou lentamente, encarando o colega de quarto.

— Deku… você usou minha toalha, porra?! — Encarou o outro com as sobrancelhas cerradas.

Kacchan se aproximou do outro e, com um rápido puxão, pegou a toalha de volta, deixando o outro desnudo. Encarou-o tentando ignorar o fato do outro estar completamente pelado a sua frente.

— Idiota… — Provocou. Bakugou queria estar chateado, mas, ficar próximo do outro acabará por deixá-lo tenso, sem saber ao certo o que fazer.
(C) Ross

Bem, Katsuki havia xingado e aquela era uma reação esperada.

A inesperada era ele ter puxado a toalha que cobria da cintura para baixo de Izuku, que acabou ficando completamente nu e aquilo fez com que suas bochechas ficassem mais vermelhas do que os tomates que havia comido no almoço. Claro que, o que tinha, Kacchan também possuía mas pelo motivo de gostar do loiro ele simplesmente ficou tão embaraçado que não soube bem o que fazer.

Não notou nem que havia pego a toalha do amigo sem querer.

Abaixou-se no chão, cobrindo próprio corpo, enquanto esperava que Katsuki adentrasse o banheiro e esquecesse aquilo que havia visto. Abaixou a cabeça nos joelhos e escondeu da melhor forma possível que havia ficado duro, afinal se visse uma coisa como aquela estaria mais do que morto.

A pessoa que gostava havia o visto nu, então a explosão de sentimentos que houve dentro de seu coração havia sido um pouco demais para Izuku.

— M-Me desculpe, Kacchan. E-Eu não vi que era sua toalha... — disse, completamente sem graça, as bochechas coradas podiam ser vistas quando o menino levantou a cabeça. — Foi sem querer, eu juro.

Continuou abaixado, esperando o amigo adentrar o banheiro para poder levantar e se vestir. Estava ficando frio e um leve arrepio devido a temperatura percorreu o corpo de Izuku.

— É... Ainda vai usar o banheiro? E-Eu preciso me trocar, está frio... — murmurou, desviando o olhar do amigo.

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Ao puxar a toalha, Kacchan percebeu que... Izuku havia ficado... Não, aquilo não. Ele ergueu a sobrancelha e encarou o outro, que se cobria no chão, envergonhado. Era típico do mais baixo ser um bebê chorão.

— M-Me desculpe, Kacchan. E-Eu não vi que era sua toalha... — disse, completamente sem graça, as bochechas coradas podiam ser vistas quando o menino levantou a cabeça. — Foi sem querer, eu juro.

Bakugou jogou a toalha no ombro e cruzou os braços, encarando o mais baixo, que, ainda estava sentado no carpete do dormitório. Um sorriso de canto surgiu no loiro, que, com um breve deboche, respondeu.

— Acho que alguém aqui precisa de óculos. — Revirou os olhos e, quando estava prestes a entrar no banheiro, ouviu Izuku reclamar novamente.

— É... Ainda vai usar o banheiro? E-Eu preciso me trocar, está frio... — murmurou, desviando o olhar do amigo.

Tenha santa paciência... Bakugou virou-se para o outro, e, segurando em seu ombro, o puxou. Seu objetivo era empurrar o outro para o banheiro para que pudesse se vestir logo e o deixar em paz. A realidade? Sendo atrapalhado como era, Deku se desequilibrou e acabou por cair sobre seu peito. O contato com os corpos fizera com que Katsuki sentisse um arrepio percorrer todo seu corpo, e, certificar-se que o outro realmente havia ficado duro. Kacchan engoliu em seco e corou violentamente, desviando o olhar do outro brevemente, mas, sem afastá-lo. Sua mão, agora, descia pela cintura alheia, trazendo-o para mais perto de si, sentindo seu corpo aquecendo o do outro.

— Deku... — Ele começou a falar e então se deu conta que não sabia como explicar aquela situação. Apenas ergueu a sobrancelha e o encarou, vendo os olhos alheios com uma proximidade nunca antes experimentada, e então, seguiu seus instintos. A destra foi até o rosto do outro e o puxou para perto do seu, selando ambos os lábios, dando início a um beijo cálido, porém, ganhando intensidade aos poucos. (C) Ross

Existiam muitos dias os quais tudo que Izuku desejava era desaparecer, e aquele era um desses dias. A vergonha era tamanha que não sabia onde enfiar a cara e até pensou em abrir um buraco no chão para se enfiar mas não achava que o professor Kanda ficaria feliz por ter feito aquilo. Suspirou pesadamente e aguardou o outro sair quando, de repente, fora puxado para cima.

Não sabia qual seria a intenção de Kacchan com aquilo, mas a guinada fora um pouco mais do que o esperado e tão logo se desequilibrou e caiu em cima do amigo, batendo no peito dele sem querer. O rosto, antes vermelho, ficou parecido com um tomate enquanto sua temperatura corporal subia devido a vergonha e até havia pensado em se afastar quando escutou Katsuki o chamar de Deku, já imaginando que levaria um safanão, mas o que aconteceu lhe deixou ainda mais em choque.

Com as mãos em sua cintura, Bakugou o beijou.

Começou de forma cálida, talvez por que o loiro estava com receio de Midoriya o afastar. E claramente o moreno não ofereceu resistência, e por mais que tenha sonhado muitas vezes com aquele momento, o real lhe era mil.... Não, duas mil vezes melhor. Entregou-se por completo àquele beijo, aprofundando junto com Kacchan enquanto colocava ambas as mãos no peitoral do amigo.

Arrepios percorriam seu corpo embora não fossem mais de frio e sim de excitação, os corpos colados não ajudavam a clarear sua mente que começava a ficar em branco. Afastou-se quando o ar faltou, os olhos arregalados em surpresa com o que acabara de acontecer, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto buscava ar para os pulmões.

— K-Kacchan? — disse de forma atrapalhada, embora sentisse a excitação do amigo também.

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O garoto sente uma mistura confusa de emoções depois de beijar seu amigo. Sua mente está girando e seu coração está batendo rápido, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ele se sente tonto, incapaz de processar completamente o que acabou de acontecer.

Há uma sensação de culpa e vergonha misturada com a excitação e curiosidade. Ele se pergunta se isso é normal, se é aceitável ter sentimentos por seu amigo. Ele se preocupa com o que outras pessoas vão pensar se souberem que ele beijou outro garoto, ainda mais sento ele. Kacchan respira fundo e revira os olhos, desviando o olhar.

Ao mesmo tempo, há uma sensação de alívio e liberdade em saber que ele pode ser quem é, sem se preocupar em esconder seus sentimentos. Ele se sente vivo e verdadeiro, capaz de ser autêntico consigo mesmo e com aqueles ao seu redor.

— Er... — Ele pensa em dizer alguma coisa, mas, ao mesmo tempo, sua mente fica em branco, sem conseguir emitir nenhum tipo de resposta. Bakugou vira-se para o colega de quarto e o encara, o outro também parece tão confuso quanto ele. Que porra fora aquela? O que ele tinha feito?

Ele se aproxima de Midoriya, as mãos começando a esquentarem e brilharem como chamas. Ele ergue o dedo e aponta, sem encostar, o outro.

— Se você contar isso para alguém... Olha... Eu te mato, Deku! — Mas seus olhos estavam perdidos encarando os do outro, que, parecia tão fácil para ele. — Ah, que porra. — Falou enquanto resfriava a mão e virava-se de costas, indo em direção ao banheiro. — Você não tinha que se vestir? — Falou mais como um convite que qualquer outra coisa.

(C) Ross

Ver Katsuki lhe ameaçar com as mãos em chamas lhe lembrou da época de quando eram crianças, quando o agora amigo fazia bullying consigo e era bem malvado. Claro que Midoriya nunca se importou com isso, afinal tudo que queria na época era brincar com o outro e se divertir, como as boas crianças que eram.

Agora, porém, haviam mais coisas envolvidas. Izuku amava Katsuki e isso era fato consumado e a única que sabia sobre isso até agora era Ria, afinal a amiga sempre lhe aconselhou em múltiplas coisas, principalmente nas noites que esteve chorando as pitangas de bêbado na mansão dos Todoroki. Graças aos deuses tia Haru nunca o expulsou de lá, talvez com receio de ofender algum deus que quisesse casar com sua filha e acabar com a vida dela.

Balançou a cabeça, tanto para esquecer o que havia pensado quanto para falar com Katsuki.

— Não contarei, eu prometo. — disse enquanto erguia ambas as mãos, o coração batendo tão rápido que sentia o pulsar do sangue em suas têmporas. Odiava um pouco aquilo de esquecer, não podia e não queria, afinal finalmente havia beijado a pessoa que tanto amava e teria que deixar de lado? Acompanhou com o olhar enquanto o loiro marchava até a porta do banheiro, escutando sua pergunta enquanto seu cérebro parecia explodir dentro de seu crânio.

Marchou na direção do outro, puxando-o pelo colarinho e o jogando em sua cama, sentando em cima do mesmo e finalmente o olhando nos olhos naquela noite, apertando a destra na camisa dele enquanto a canhota o mantinha sustentado na cama, o macio dos lençóis sendo sentindo na palma de sua mão.

— Não me peça para esquecer... — falou em voz baixa, mas esperava que ele entendesse o que havia falado. — Os deuses e a Ria sabem as coisas que tive que passar pra esconder o que eu sinto, Kacchan. Era ela quem me segurava durante minhas crises, no final... — parou por alguns segundos, mordendo o lábio inferior em hesitação, afinal de contas podia acabar sendo queimado pelo outro até ter queimaduras de terceiro grau.

Mas não se importava com aquilo agora, havia ido longe demais. Respirou fundo pelo nariz e soltou pela boca, as bochechas incrivelmente coradas diziam muita coisa sobre seu estado de espírito. Era óbvio que estava com medo, por que se fosse rechaçado ou rejeitado a amizade de anos que tinham iria por água abaixo e mais uma vez a Todoroki teria que lhe aguentar chorar enquanto ferrava com seu fígado virando doses e doses de saquê.

— Eu gosto de você, Kacchan. Há muito tempo, na verdade, por isso eu passava muito tempo com a Ria. Por que eu precisava esconder. Não queria deixar você saber. — falou por fim, encarando Katsuki nos olhos sem nem mesmo hesitar.

A merda já havia sido feita, então jogaria toda no ventilador.

— Embora eu não saiba sobre como você se sente a respeito disso... — tagarelou por fim, perdido em pensamentos.